CANÇÃO DO ANDARILHO


Me perdoe Gonçalves Dias, mas o tédio, hoje, me inspirou a paródia da sua Canção do Exílio, de 1847, a moda do que já havia feito com as “Ilusões da Piça” (paródia à “Ilusões da Vida” de Francisco Otaviano). Com o que também satisfaço a fama de “pornográfico” do blog e homenageio meu amigo xupaxota, que, por mais que goste dos cabarés de Porto Alegre, curte suas saudades dos bordéis baianos (especialmente da “Tia Cleusa”). Deliciem-se os leitores, se puderem – pois, como o original, a paródia me saiu meio sem graça. Mas a culpa é do maldito tédio, que nem a primavera amenizou, pois o inverno, que havia sumido há vários dias, resolveu, após o equinócio de 23 de setembro, provar que ainda existe, aqui no Rio Grande do Sul.

Canção do Andarilho

Minha terra tem puteiros,
Onde tanta puta dá;
As chinas, que aqui puteiam,
Não puteiam como lá.

No bordel tem mais “sereias”,
Nas suas alcovas mais fodas,
Nos seus boquetes mais línguas,
Nas suas línguas mais sabores.

Em punhetear, só, à noite,
Nenhum prazer tenho cá;
Minha terra tem puteiros,
Onde tanta puta dá;

Em minha terra há amores,
Que não me deixam broxar;
Nem punhetear, só, à noite;
Só prazer encontro eu lá;
Minha terra tem puteiros,
Onde tanta puta dá;

Não permita Deus que a porra,
Sem que eu “monte” espirre já;
Sem que eu sugue os clitóris
Frementes que há por lá;
Sem qu’inda aviste os puteiros,
Onde tanta puta dá.

Gravataí, 28 de setembro de 2007

Ubirajara Passos