O golpe de estado dos jegues furibundos


Eu me encontrava percorrendo com a Isadora, a pé, numa caminhada de cinco quilômetros, a Estrada da Corcunda, na zona rural de Gravataí, ontem à tarde,  lá pelas quatro horas e quinze minutos, ainda em seu trecho inicial suburbano, quando uma das mais queridas e velhas amigas – colega aposentada (casualmente a mais ferrada financeiramente, eis que ocupava o cargo de auxiliar de serviços gerais na ativa e tem seu contracheque esburacado por todos os cantos pelos mais diversos empréstimos consignados) que nos áureos tempos de nossa militância junto à gestão Magali Bitencourt no Sindjus-RS me acompanhou na marcha à Brasília contra a reforma previdenciária do Luís Inácio, em novembro de 2004 – me enviou pelo whats app esta mensagem: “Acabou de dar na TV que os bolsominios invadiram o Planalto  e o supremo”. Respondi, por áudio, que era uma tentativa concreta de golpe e que para frustrá-la era necessário descer a marreta e  botar todo mundo na cadeia.

E, tendo já lido de manhã notícia, na versão digital do jornal gaúcho O Sul, sobre o cercamento da Praça dos Três Poderes, por ordem do ministro Flávio Dino, para evitar a tal manifestação, e ouvido do vizinho ermitão (daqueles de longa e branca barba, pátio que se assemelha a uma barricada e uma tropa de gatos no chalé de madeira em que habita), ao iniciar a caminhada, de que estava se dando a “quebradeira” em Brasília (que supus fosse mera figura de linguagem), prosseguimos tranquilamente a caminhada até atingir a Igreja Nossa Senhora do Carmo (típica capela construída toda em pedra de alicerce à vista), de onde retornamos por volta das seis horas da tarde.

Durante todo o trajeto ouvira o pipocar da campainha do whats app, mas não me preocupara, curtindo o passeio com a minha filha e sua cadela Patrícia. Mas já tendo passado pelo supermercado Jadan, resolvi conferir as mensagens e dei com uma dúzia delas, dos mais diversos companheiros,  no grupo de militância sindical “Luta e Indignação” (que criei com os membros da nossa frustrada chapa às eleições do Sindjus neste ano) dando conta, em detalhes, da baderna dos “terroristas  bolsonaristas radicais” (como agora os designa, num misto da linguagem da ditadura de 1964 com a intenção de agradar ao novo governo federal, a Rede Globo de Televisão) no Palácio do Planalto, sede do STF e Congresso Nacional. Ainda me encontrando a cerca de um quilômetro, a pé, de casa, mal comentei as mensagens e ainda consegui ouvir na Rádio Pampa, em sua versão on line, a :transmissão em que Lula, da prefeitura de Araraquara, no Estado de São Paulo, lia o decreto de intervenção no Distrito Federal, justificando-o, a seguir, em discurso.

bozo atrás das grades

Já na troca de mensagens iniciais com a companheira Gilmara (a colega aposentada a que me refiro), ela havia me lembrado que, quando de nossa marcha pelo Sindjus, com outras tantas entidades sindicais e movimentos populares por muito menos (um estudante que, junto com outros, havia invadido o laguinho em frente ao Congresso, havia jogado uma pedra na vidraça deste) havíamos sido corridos a cacetete pela polícia montada da Esplanada. E, a medida em lia as manifestações dos companheiros, me dava conta da bundamolice da polícia de Brasília em relação à horda fascista, chegando a conduzi-la pela mão até os prédios para, em plena conivência safada, invadi-los e  depredá-los numa fúria própria de fanáticos religiosos de seita sertaneja.

À noite, já chegado em casa, tive o prazer de assistir ao recolhimento de uns quantos ao xadrez, e posteriormente, ao Presídio do Distrito Federal, tendo ido dormir já de madrugada, a me inteirar dos detalhes da circense (mas nem por isto pouco séria) tentativa de golpe  da extrema direita brasileira, tendo agora de manhã publicado a reflexão que segue, em meu perfil no facebook, que pretende resumir meu ponto de vista a respeito do episódio:

“Foi necessário que os jumentos enfurecidos destruíssem documentos históricos e obras de arte de inestimável valor cultural, além de vandalizar mobília, rasgar documentos oficiais (inclusive o original da Constituição de 1988 e os quadros da galderia dos ex-presidentes da república) e quebrar aparato eletrônico da sede dos três poderes da república.

Mas finalmente os bolsonazistas golpistas estão sendo conduzidos ao lugar que lhes é devido e já deviam se encontrar desde que o primeiro caminhão a serviço da patronagem escravista iniciou a obstrução da primeira rodovia nacional após a eleição de 30 de outubro: A CADEIA!

A ameaça, tosca e furibunda como as atitudes de seu grande líder “mítico”, entretanto, só cessará quando a Penitenciária da Papuda tiver o privilégio de receber um ilustre hóspede, para fazer companhia a seus pupilos, condenado à pena máxima pelo genocídio em que 700 mil brasileiros foram imolados, sem a menor necessidade, nos braços do Corona: JAIR MESSIAS BOLSONARO, a versão radicalizada, ao sul do Equador, em todos os aspectos (inclusive os burlescos) do fascismo yankee trumpista, que nestes dias repete as antigas elites cubanas lambe-cu das botas estado-unidenses, fazendo cena de vítima do “comunismo”, escondido em Orlando na Flórida.

Vários deputados democratas americanos já se manifestaram, desde ontem, nas redes sociais, defendendo sua extradição ao Brasil, diante do episódio do “Capitólio Tupiniquim” perpetrado no domingo. Mas é preciso que os que mais sofreram com as consequências de seu tresloucado e arbitrário governo, os trabalhadores brasileiros, garantam nas ruas que isto se torne uma realidade, bem como o afastamento de toda e qualquer nova tentativa cretina de golpe, assim como a revogação das reformas trabalhista (realizada na gestão do golpista Temer) e previdenciária (executada no governo Bolsonaro).

Hoje às 17 h, na esquina democrática em Porto Alegre, e às 18 h, no MASP, em São Paulo, ocorrem atos públicos pela exemplar investigação e prisão dos golpistas: ÀS RUAS, CAMARADAS!”.

Ubirajara Passos

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