Ou o Brasil acaba com o Messias, ou o Messias acaba com o Brasil!



saúva bolsonaro

Há exatos 132 anos o Brasil era o último país do mundo a abolir a escravatura. E o fazia num único e breve artigo (o segundo se limitava a revogar as disposições em contrário) que, ao invés de extinguir definitivamente o uso da maioria dos brasileiros como coisa ou animal de criação, sem direito a nada além do que mourejar debaixo da chibata de seus donos, deixava os “libertos” na condição de “desocupados” vagantes pelas estradas rurais rumo à periferia urbana, caso não se sujeitassem a, permanecendo no local do antigo cativeiro, continuar como servos do sinhozinho, que se negava a pagar salários e ainda estava puto com o Império por não ter lhe “indenizado” pela perda das rezes falantes.

Não foi aventada sequer a realização da mínima reforma agrária, para extinguir o latifúndio que vivia da mão de obra cativa e garantir a sobrevivência dos ex-escravos na terra em que trabalhavam, e nem qualquer esquema estatal que lhes garantisse qualquer emprego digno, nas cidades, da nova condição de  trabalhadores livres… para morrer de fome ou alugar seus braços na mais reles funções assemelhadas à antiga condição, como a de empregada doméstica, cozinheira ou faxineira da casa pequeno-burguesa. Proeminentes abolicionistas haviam tentado discutir a necessidade da reforma agrária, mas o Império, embora constitucional, era Império, regime monárquico que mal ou bem guardava os velhos ranços da monarquia feudal europeia, onde o rei era formalmente o “dono da nação”, abaixo do qual se sucedia uma hierarquia de sucessivos coproprietários nobres, até chegar ao nível dos despossuídos do direito à própria vida, que podia ser revogado numa simples gritaria do Sinhô.

Esta mesma reforma agrária, aliás, foi o pretexto, na tentativa tímida de desapropriação dos latifúndios localizados ao longo das rodovias e açudes federais, para derrubar o Presidente João Goulart e estabelecer a ditadura que começou a revogar os direitos trabalhistas formais adquiridos pela peonada na ditadura de Getúlio e entregou o Brasil definitivamente nas mãos do imperialismo econômico internacional, para gestar a miséria e a violência, que o NOVO SINHOZINHO, RETARDADO E BIRRENTO pretendia combater com o dístico “bandido bom é bandido morto”, que cada vez mais se faz aplicável a ele próprio.

Hoje o Brasil se notabiliza por ser o único país na face da Terra  cujo chefe máximo do Poder Executivo (que acumula as funções de Chefe de Estado) se recusa a tomar medidas racionais para combate ao Coronavírus e à precariedade econômica dele decorrente. Ao invés de incentivar e fiscalizar a única forma concreta de preservação da vida atualmente (o isolamento social) e prover os meios de garantia da sobrevivência econômica e do emprego do grosso da população, Bolsonaro reitera, dia após dia, suas invectivas contra as medidas adotadas espontaneamente por prefeitos e governadores.

Há semanas, reclama aos brados, com seus seguidores, pelo retorno da peonada aos postos de trabalho e a abertura do comércio, sob o pretexto de garantir empregos (ao invés de coibir demissões e bancar a folha de pagamento de pequenos e médios empresários) e o “bem-estar da economia”  (na verdade os lucros exorbitantes dos “donos do Brasil”, encerrados em suas luxuosas mansões e resguardados a sete chaves da contaminação a que pretendem expor seus escravos assalariados).

E suas debochadas e furibundas bravatas, neste exato momento, já surtem fartamente os efeitos denunciados por quem se opõe a sua atitude, não se restringindo ao terreno das hipóteses. Ultrapassando as dez mil mortes e batendo, ontem, o recorde de 881 mortes em 24 horas, o Brasil já se classifica entre os seis maiores países afetados pela apocalíptica pandemia e, se mantiver o atual ritmo, decorrente do relaxamento das medidas de isolamento a que autoridades e boa parcela da população aderiram, em no máximo dois meses, terá ultrapassado um milhão de mortos, deixando para trás a nação mais afetada, os Estados Unidos da América.

Entretanto, apesar da crise instalada após a saída do Ministério da Justiça de seu ex-comparsa, Sérgio Moro, cujas denúncias de tentativa de interferência nas investigações da polícia federal seriam suficientes para o impeachment do Presidente da República, nada acontece de novo no solo do Brasil. Nem os representantes do poderio econômico das classes dominantes que poderiam dar início ao processo para afastar o algoz da nação (especificamente o Presidente da Câmara dos Deputados, casualmente eleito pelo sucessor do partido dissidente da antiga ditadura – o DEM, provindo do PFL, que fazia parte do PDS, antiga Arena, às vésperas da eleição indireta que deu fim formal ao regime militar), nem mesmo a oposição hegemônica de “esquerda” (afastada do governo da República no golpe parlamentar a la Paraguay de 2016), movem um único dedo para afastar o louco genocida e garantir a vida do povo brasileiro.

Sem que Rodrigo Maia cogite de instaurar o processo pelos crimes de responsabilidade e Lula se disponha a entender que já não haverá eleitores para garantir, evitando o confronto, a vitória de seu partido nas próximas eleições municipais, assistimos diariamente, isolados em nossas casas (os que ainda não foram coagidos pelos fofos patrões ao retorno ao trabalho ou se lançaram espontaneamente nas ruas, atendendo ao canto de sereia de seu misógino e sexualmente enrustido líder) a escalada do contágio e da mortandade, sem que nenhuma entidade formal ou grupo organizado tome efetivamente a liderança para derrubar os responsáveis  institucionais pela tragédia que está acabando fisicamente com o Brasil.

Não há partido, com exceção da chamada “extrema esquerda”, central sindical, ou qualquer outra força política e social de massas, que esteja efetivamente  conduzindo a última e única possibilidade efetiva que temos de continuar vivos, e não submetidos ao infausto sorteio das vítimas que comporão, no mínimo, o milhão de pessoas a serem eliminadas do chão brasileiro pela maior pandemia desde a Gripe Espanhola.

Tudo se passa diária e recorrentemente, de uma tal forma que, na hipnose resultante do cansaço pela repetição, acabamos por nos acostumar ao genocídio em andamento, como se fosse a mais comezinha das rotinas, sem esboçar a menor contrariedade ou simplesmente nos acomodando à inércia dos que poderiam e deveriam estar na vanguarda da reação ao morticínio patrocinado pelo Governo Federal.

Até quando nos submeteremos, abobalhados e incapazes, como o gado conduzido ao matadouro, sem ameaçar qualquer inconformidade e a mínima resistência à nossa própria extinção física, em nome dos lucros de meia dúzia de senhores que se julgam nossos donos (nos considerando uma ralé com menor importância do que seus cachorrinhos de estimação) e são tão arbitrários que não se dão conta de que logo poderá não haver escravos suficientes para produzir seu luxo injustificável e consumir suas mercadorias?

Quantos milhões de nós terão de deixar a existência em nome da sádica sede de luxo e privilégio de uns poucos a que pouco importam nossas vidas, pois têm condições de substituir, sem maior preocupação, os trabalhadores que sucumbirem, como se repõe peças de uma máquina, até o momento em que o contágio tiver crescido tanto que venha bater à própria porta de suas mansões?

Infelizmente, para os mais ponderados e “racionais” opositores da ideia revolucionária  (não a mera revolta a substituir governos, mas a transformação voluntária e consciente de toda a sociedade, eliminando a dominação  da grande massa dos trabalhadores responsáveis pela produção material diária da vida), a própria garantia física concreta de nossas vidas passa necessariamente, neste momento, no Brasil, pela organização espontânea, consciente e determinada dos milhões de peões de todo o tipo (de agricultores a professores universitários) por este país afora, de modo a garantir, no mínimo, o afastamento do facínora que nos governa, e a adoção das devidas providências sanitárias e econômicas para garantir que o Brasil continue existindo, e seja governado pelo povo e para os brasileiros! Dê o primeiro passo, acesse AQUI o link, assine e compartilha a petição da Frente de Servidores do Judiciário Brasileiro pela instauração do processo de impeachment do palhaço tétrico Jair Bolsonaro.

Ubirajara Passos