Da Índole Sádica da Pornografia Hodierna


Para deleite dos velhos fãs da sacanagem deste blog, vai abaixo publicado mais um sermão na igreja de satanás:

Da Índole Sádica da Pornografia Hodierna

Jamais se viu nada tão próximo da genuína volúpia moleque e sorridente, banhada nas profundezas sacanas do impulso vital livre e espontâneo, voltado voluntariamente à satisfação de um cio sem hora nem lugar, sempre pronto ao exercício sublime do gozo mútuo que nos diferencia de nossos irmãos mamíferos (jungidos aos ciclos reprodutivos da programação genética), identificado com a própria potência saudável da vida em si, como a velha sacanagem cinematográfica, ingênua e implícita nas imagens, mas poderosa na evocação mental sub-reptícia, das pornochanchadas brasileiras do século passado.*

Por mais que reproduzissem, em tom gaiato, digno da mais debochada avacalhação da velha malandragem do terço final do século passado, os preconceitos próprios da velha moral sexual patriarcal, com títulos como “O Super Manso”, as picarescas comédias eróticas da época celebravam o sexo, ou antes a putaria, como a fonte dos mais refinados e alegres prazeres proporcionáveis por nossos corpos, que efetivamente é, passando muito longe do desespero trágico e truculento incorporado pela indústria pornográfica mundial desde os anos 1990, a partir da imposição massiva do receituário sexual yankee, filho típico da rebeldia desusada e imatura à mais repressora moral puritana.

meme-desvistas

Assim é que, com disparates típicos da nação onde um simples seio nu se assimila à mais descarada manifestação da devassidão pecaminosa que haverá de arrastar a humanidade depravada à condenação eterna do inferno, o moderno imaginário da ficção sexual (das cartas de leitores de revistas de mulher pelada ao cinema especializado) se ressente dos esquetes mais sádicos, abobalhados e broxantes, só capazes de inspirar tesão e entusiasmo a punheteiros juvenis recém ingressados na puberdade, destes cuja experiência concreta mais próxima do supremo ato do gozo mútuo foi a prática eventual da zoofilia com a cadela do vizinho, no matinho do subúrbio, o romance sem-vergonha com a vaquinha mimosa  dos velhos matutos ou a barranqueada  de égua da gauchada antiga.

Qual grau de excitação genuína é capaz de ser despertado por cenas como a de um afobado touro reprodutor musculoso, de olhos esbugalhados e ar apatetado, se masturbando frente a uma ou mais fêmeas de ar aparvalhado que aguardam, com a boca escancarada e o olhar perdido, que o protagonista acerte a pontaria da esporrada, na atrapalhação mais impagável da cenografia típica? Ou a gritaria artificiosa e desafinada de uma loira padronizada, de cabelos alisados na chapinha e peitos estufados qual balões a ponto de estourar, enquanto o machão cheio de si a barranqueia com a concentração própria de quem pilota uma britadeira, sem emitir o menor pio ou suspiro?

Tais são os exemplos básicos da gélida e raivosa fantasia erótico-psicopática disseminada, desde o fim do século, nas diferentes mídias, sem falar é claro, nas bizarrices mais estapafúrdias, como  madames tentando trepar com cães são bernardo (entediados e contrafeitos), transas de anões com velhos travecos ou outras asneiras do gênero, que as povoam, transformando a velha e boa foda sacana no coito insosso e prenhe dos anseios de um misógino enrustido cujo maior prazer, inconfessado não é o compartilhamento do oceano de sensações vívidas e alegres, nas ondas da mais pura sacanagem, mas o uso do próprio caralho como uma espada a dilacerar ventres submissos.

Se as velhas pornochanchadas dos anos 1970 e 1980 sintetizavam, na sua malícia festeira e irreverente, com a pitada do deboche nacional, séculos ou milênios da mais tesuda, entusiasmada e criativa literatura erótica, o imaginário sexual pasteurizado, produzido e distribuído em massa, com a chancela de uma globalização totalitária que simula a pretensa liberação sexual nas relações compulsórias e coisificadas, nos empurram todo dia, sem apelação, sob o disfarce do mais infeliz e estouvado catálogo erótico, os ideais sádicos filhos do dominador frustrado – que, se encontrando pisoteado sob os pés da ordem burguesa, desrecalca sua impotência frente aos amos, fudendo, de todas as formas, com a vida alheia, especialmente daqueles sobre os quais possui alguma hierarquia. O próprio marquês, revoltado e incontrolável, cuja obra, bem mais imaginosa e refinada, deu nome ao adjetivo que o caracteriza, coraria como uma freirinha frente ao breviário fascista enraivecido que inspira a nossa modernosa ficção sacana.

O gozo está no meio de nós!

Gravataí, 5 de março de 2019*, 5 de dezembro de 2020

Ubirajara Passos

A verdade precisa ser dita: por trás de Bolsonaro e dos governadores e prefeitos que afrouxaram o isolamento social, incrementando o morticínio, está o interesse indiferente e assassino do grande capital!


dinheiro assassino

Diante do espanto e lamento manifestados com a “promoção” da Região Metropolitana de Porto Alegre, litoral norte gaúcho e região de Palmeira das Missões, no norte do Rio Grande do Sul, à bandeira vermelha (classificação de alto risco de contágio) no sistema de “controle do distanciamento social” adotado pelo Governador Eduardo Leite para combate do coronavírus no Estado, é preciso que se diga algumas verdades que atingem o cerne político e social da crise sanitária no Brasil, que embora incrementada pela irresponsabilidade genocida e tresvairada do Jairzinho Capitão do Mato, teve sua condução piorada pelo relaxamento precipitado das regras de isolamento pelos governos dos estados Brasil afora.

Com o comércio e indústria abertos – antes do tempo e por pura pressão empresarial – muita gente teve de ir às ruas forçado a trabalhar. Os demais se envolveram na sensação de normalidade (se as medidas foram relaxadas é porque o perigo estava passando…) e passaram a lotar as vias públicas.

Como sempre, um bom número passou a desprezar a capacidade de contágio do vírus e saiu por aí fantasiado de malandro do corona, com a máscara no queixo… Tais comportamentos do rebanho, naturalmente rebelde às limitações burocráticas impostas por um Estado que só sabe lhe cobrar impostos e cumulá-lo de regras, sem lhe garantir em troca a mínima condição de dignidade, eram bem previsíveis (ainda mais depois da minimização feita por seu ídolo – 2/3 de Gravataí, na Grande Porto Alegre, onde moro e trabalho, votaram no Bolsonaro) e lhe imputar a exclusividade do aumento do contágio é a mais desavergonhada cretinice.

A grande responsabilidade é das autoridades (governadores e prefeitos), que – cedendo ao clamor dos amos burgueses – afrouxaram as medidas de isolamento social adotadas inicialmente entre o final de março e início de maio.

Chega ao cinismo extremo a declaração de Leite que reputa à população a exclusividade da culpa.

No plano de fundo está a causa oculta de toda a desgraça: a recusa implícita e reiterada da presidência da República em por em prática o auxílio efetivo à economia, amparando pequenas e médias empresas e bancando o emprego e salário da peonada, mediante a taxação de grandes fortunas, lucros exorbitantes dos bancos e a remessa dos lucros das multinacionais às suas sedes no estrangeiro.

Para a elite que nos suga o produto do trabalho – e seus representantes políticos – pouco importa que morram alguns milhares ou milhões de trabalhadores, quando há outros tantos ao lado esperando para serem empregados. Para esta nobrezinha capitalista colonial infeliz, e seus lacaios políticos, o mote é: “Preservação da saúde e da vida que nada! Em nome do lucro, do luxo e do privilégio, a produção não pode parar!”

Temos de dar cabo ao mal, extirpando o seu núcleo, matar a cobra esmagando a cabeça. Assine e espalhe a petição para o máximo de contatos possíveis, clicando aqui!

Ubirajara Passos






Busca


Meio documentário sobre o velho Vinicius, assistido na Netflix, uma cerveja, e me veio à tona a frase e o episódio já mencionados neste blog defunto, que não custa relembrar, ocorridos no saudoso cabaré da Cláudia, até hoje ainda em atividade, no finalzinho da lomba sul da Marechal Floriano, em Porto Alegre, nos tempos da velha boemia do final do século: “Tu é um intelectual. E vem aqui procurar um amor que não existe”.

O filme, a frase dita por um sessentão de camisa de física branca (o que hoje se chama tecnicamente de regata) que fazia estripulias no salão, íntimo da dona e dos garçons (mais do que eu era, então), e que se apresentou como professor da Ufrgs, em seguida, ao censurar o meu espanto com a sua declaração; assim como o depoimento do companheiro de “república” (a do Alemão Valdir, na Amélia Teles, no bairro Petrópolis) Luiz Ferraz (que, no final do ano, esteve em expedição nostálgica ao cabaré Le Boheme, na Pinto Bandeira) – “… é aquela coisa de puteiro, quando a gente a sai de lá volta pra realidade e a realidade é dura e sem mulher” – acabaram por inspirar o poema que segue, infelizmente abstrato e mal concatenado:

Busca

Não conseguindo trazer ao quotidiano
O enlevo intenso das paixões sentidas,
Que se quebravam na rotina besta
Dos protocolos da sobrevivência,

Foi procurá-lo no duro chão da vida
Vivida à força, na contrariedade,

No dilaceramento
Da instância mais recôndita de si.

Foi às putas,

Tristes retalhos da paixão edênica,
Pra ver se  o achava,
No câmbio frio e árido

Do metal que arde nas mãos
Precárias da necessidade,
A carne morna que promete paraísos,

Trazendo à vida a crispação efêmera
Do gelo seco, a queimar de frio intenso.

Não encontrou a ternura refinada,
Cujos anelos o lar extraditava.
Mas, nas precárias tardes apertadas,
Nas breves noites cambaleantes,
No entusiasmo

Que se esvaia aos últimos vapores
Da madrugada bêbada e boêmia,
O surpreendeu, mais real que a seriedade
Dos secos dias sem sal “normais” da vida,

O amor concreto, alugado por minutos,
Mas livre e camarada, exatamente
Por não viver de outras exigências
Além daquelas do instante mágico.

Bem mais real que os idílios sacros
Do bem aceito na decência hipócrita.

Gravataí, 17 de janeiro de 2020

Ubirajara Passos

Banzo


Do fundo do meu ser uma tristeza
Dolorosa e empedernida me apunhala.
Impiedosa e ressentida, não há rogo
Que faça cessar suas investidas.

Ante o brutal poder que me esmaga
Nas densas ondas de uma reina antiga e azeda
Não há revolta eficaz ou afetada fuga.

O menor esforço, a indiferença mais buscada
Se dissolvem tão logo os empreendo
E afundo ainda mais no melancólico.

Mas o negror que anula a alma e a cristaliza
Numa apatia imóvel e excruciante
Não vem de fora, está sedimentado
Nas mil camadas de uma vida rota.

Gravataí, 11 de janeiro de 2019

Ubirajara Passos

Aos brasileiros que ainda não definiram seu voto nas eleições presidenciais de 28 de outubro:


Conforme a última pesquisa do Instituto Vox Populi, realizada e divulgada neste sábado, a eleição para a presidência da República se encontra  empatada entre Fernando Haddad e o Capitão “do Mato” Jair Messias Bolsonaro!

Caberá a ti, eleitor ainda indeciso, definir os rumos do Brasil, a continuidade do direito de expressão, do direito de manifestação, de luta, do mínimo de direitos trabalhistas e sociais, como décimo terceiro salário, estabilidade do servidor público, aula presencial no ensino fundamental, da própria sobrevivência física de negros, índios, mulheres, gays e militantes da causa popular

OU a entrega do país e de nossas vidas à boçalidade, à violência, à censura brutal e hipócrita, à asquerosa escravidão rediviva, à ignorância inominável e ao extermínio sádico de milhões de brasileiros EM NOME DOS INTERESSES PREDATÓRIOS DE MEIA DÚZIA DE DETENTORES DO GRANDE CAPITAL NACIONAL E INTERNACIONAL.

Nossa sobrevivência como nação com um mínimo de civilidade está nas tuas mãos.

Não permita que nossas crianças e jovens tenham de passar, como nós passamos nos anos 1960, 1970 e 1980, pela opressão tacanha, insuportável e arrogante de uma ditadura escancaradamente elitista, calcada na mentalidade soberba, no uso cru e no desprezo às multidões de trabalhadores, cuja vida em frangalhos, no trabalho árduo e não recompensado, faz andar o Brasil!

Não podemos retroceder! Como diziam os clássicos versos da versão original do hino farroupilha: “Avante, povo brioso/ Nunca mais retrogradar/ Porque atrás fica o inferno/ Que haverá de nos tragar!”

Ubirajara Passos

 

 

 

 

Bolsonaro: tirania e extermínio a serviço da classe dominante internacional


Nunca tive a menor simpatia pelo PT, não por tê-lo como radical, mas justamente pela excessiva moderação de seu pretenso esquerdismo. O que se pode constatar facilmente desde as primeiras postagens deste blog, no início de 2006. Inúmeras foram as crônicas e comentários ferinos desferidos ao longo de seu governo. No entanto, diante da possibilidade de eleição do ilustre Capitão “do Mato” Jair Bolsonaro para a presidência da República, não há outra hipótese, racional e humana, possível que o voto em Haddad! 

Como diria o velho Brizola, desta vez teremos de engolir não um sapo barbudo, mas um banhado inteiro de batráquios, incluídas as rãs e pererecas de todo tipo.

A eleição de 28 de outubro não se constitui em uma mera disputa entre dois candidatos mais ou menos radicalizados, em polos opostos, mas num verdadeiro plebiscito, cujo resultado favorável ao candidato do PSL acabará por implicar na própria extinção do regime democrático e das mínimas garantias ainda vigentes, como a liberdade de expressão,  os direitos de reunião e de ir e vir.

Não fosse suficiente a assumida, e entusiasticamente assumida, nostalgia do militar da reserva, cuja carreira se deu justamente entre 1973 e 1987, pela Ditadura Militar instaurada em 1964 (ao ponto de defender a tortura e tê-la por insuficiente, os milicos deveriam ter matado uns 30 mil), as recentes declarações de seu candidato a Vice-Presidente (um general explicitamente favorável à “intervenção militar”, ou seja, o golpe de Estado puro e simples), não deixam a menor dúvida quanto à natureza de seu futuro governo, quando, da forma mais descarada possível, prega a substituição da Constituição cidadã de 1988 por uma carta outorgada por notáveis e um “auto-golpe” em 2019 na hipótese do “clima de baderna” torná-lo necessário. O que é mais do que suficiente para não levarmos na conta de mera bravata as suas intenções autoritárias.

Caso eleito, certamente o golpe virá e virá com toda a fúria e retaliação correspondente à sua pregação tresloucada, anti-comunista, homofóbica, machista, e racista, que, infelizmente, não é mera retórica.

Sua monstruosa postura é  mais asquerosa que seus ídolos torturadores, pois não tendo cometido com as próprias mãos os atos admirados, possui um tesão sádico frustrado por fazê-lo que só se satisfará com a imolação de multidões, como os milhões de judeus levados à câmara de gás por Hitler.

É a própria encarnação de tudo o quanto há de mais repulsivo e aterrorizante no Brasil em nossos dias. E a sua tirania não se restringirá, tragicamente, à imposição política incoercível e inquestionável dos mais tresloucados rumos à sociedade brasileira. Mas fatalmente descambará para o morticínio, não só da bandidagem que pretende combater à bala, como na morte concreta de qualquer opositor ou membro de um dos grupos considerados desagradáveis e fora da ordem por seu conservadorismo arcaico e furibundo. Bastará o cidadão ser um militante sindical, ter nascido na condição de  negro, gay, ou ser um índio ocupando área de terras ardentemente cobiçada por um grileiro ou minerador ilegal qualquer, por exemplo, para integrar a lista de candidatos ao extermínio pela força do Estado, ou mesmo dos próprios fiscais de esquina colaboradores do neo-fascismo redivivo.

As dezenas de ataques de seus psicopáticos seguidores a militantes de esquerda,  homossexuais ou simples simpatizantes de Haddad, ocorridos antes e após o primeiro turno, nos comprovam que  o extermínio não somente virá, como já está entre nós e, mais do que uma política de Estado, será a prática sanguinária e costumeira, típica dos regimes fascistas, dos milhares de capitães do mato fanatizados pela pregação intolerante do senhor Jair Messias. Cuja cretinice sádica é tão grande que ainda tem coragem de tripudiar sobre as vítimas de seu programa de extermínio, como mestre Moa do Katendê, dizendo-se irresponsável pelos trágicos crimes de seus “incontroláveis” asseclas – bandidos na pior acepção palavra, muito pior do que o mais cruel e cínico chefão do crime organizado, cuja tara furibunda foi despertada por sua pregação maniqueísta e intolerante

O mais inacreditável, entretanto, é que a maioria de brasileiros que se inclina a enterrar, com seu voto, no próximo dia 28 de outubro, os últimos resquícios de liberdade na “democracia” violada pelo golpe de 2016, grande parte dos quais composta por trabalhadores e membros dos grupos ameaçados, parece não desconhecer nada disto e deixar-se levar pelo ódio e frustração legado pelas mazelas da Era Petista, além do tradicional conservadorismo moralista, profundamente impressionados pela velha e surrada arenga anti-corrupção que  os algozes de Dilma alimentaram fartamente com a Operação Lava-Jato.

Não conseguem enxergar nada além de violência e corrupção, como se uma e outra não fossem o simples resultado crônico de um Estado organizado para manter os privilégios de uma minoria daqui e d’além-mar, gerados no sacrifício de milhões trabalhadores, no país de maior concentração de renda e injustiça social do mundo.

Parecem não compreender que, apesar de repetidas (mesmo com as reprimendas do “mito”) incessantes vezes, as declarações inconvenientes do General Mourão e de Paulo Guedes, candidato a vice-presidente e guru econômico de Bolsonaro, são pura realidade  e espelham suas intenções concretas: a extinção dos direitos a décimo terceiro salário e férias, a ressuscitação do CPMF e uma alíquota única de 20% no imposto de renda, que onera ainda mais os assalariados e alivia a tributação no bolso mais ricos.

Isto sem falar no que está assumido claramente no programa de governo e nas últimas manifestações do candidato, como a tal “carteira de trabalho verde e amarela” que, aparentemente optativa, como o FGTS, se fará obrigatória, e permitirá aos empregadores o exercício pleno e livre da exploração, sem qualquer garantia legal de direito ou proteção para a peonada. Assim como o fim da unicidade sindical, quebrando a representatividade dos sindicatos, as privatizações generalizadas de empresas estatais e principalmente a intenção explícita de “acabar com os ativismos”. Expressão ambígua e vaga que esconde, sob um lençol curto e transparente, o que está reservado para todos aqueles que, em nome de sua dignidade e condição humana, pretenderem reivindicar e militar por seus direitos sociais, trabalhistas, econômicos e culturais: a repressão pura e simples, sob todas formas possíveis e imagináveis do velho tacão militarista e escravocrata, da censura à tortura e ao cru justiçamento sumário, que certamente não será praticado apenas para os “bandidos” comuns, mas a todos aqueles que se opuserem aos desmandos do novo poder.

Este avalanche de ataques aos trabalhadores e aos interesses nacionais não tem outro objetivo, apesar dos pretextos meramente preconceituosos, moralistas e anti-comunistas, que a defesa e aprofundamento da sanha de lucro  e privilégio da burguesia internacional e seus lacaios brasileiros. Para que os grandes grupos econômicos que infelicitam a vida de meia humanidade em prol do sádico prazer da minoria proprietária possam esfolar o gado humano e as riquezas naturais do Brasil até o tutano dos ossos, garantindo a reforma previdenciária “a moda de Bolsonaro” e o retrocesso a um verdadeiro escravismo nas relações de trabalho, além da entrega descarada do patrimônio nacional, é que o capitão recebeu sua missão totalitária e genocida. Assim o golpe de 2016 não terá sido em vão e os nossos amos poderão gozar tranquilos.

O processo principiou e a única forma de detê-lo, ao menos de impedir que ele se  faça sob o disfarce legal das eleições “democráticas” (pois ninguém se iluda que, derrotado, o golpismo fascista tentará impedir a posse de seu oponente, e, frustrado tal intento, depô-lo posteriormente), por mais amargo que possa parecer o remédio a todos que, como eu, têm sérias restrições ao mero assistencialismo do “socialismo petista”, é o voto em Fernando Haddad, sem qualquer dúvida ou o menor vacilo!

Ubirajara Passos

 

 

 

 

 

 

 

Clamor aos quartéis: ingenuidade ou pendor autoritário?


Pode parecer contraproducente e rançoso que, ao invés de aprofundar a análise do momento social do Brasil e tentar influenciar (dentro da enorme limitação de possibilidades de um mero blog libertário lido por meia dúzia, cujo alcance é pífio mesmo que seja na discussão teórica) a rebelião profunda e necessária ao estado de coisas a que chegamos nestes país desde o golpe paraguaio de 2016, insistamos em rebater o ruído das viúvas da farda verde-oliva, mas este é tão insistente que se faz necessário ir ao fundo da sua natureza.

Diante dos clamores enfurecidos e apaixonados pela “INTERVENÇÃO MILITAR” no Brasil é bom que se diga que, ao contrário do que muito gente pensa, não são mera manifestação infantil de desamparo, nem decepção com a podridão ética generalizada da classe política atual.

Quem apoia a milicada, salvo casos de extremo desespero (o que explica, mas não justifica a atitude) ou obtusidade mental crônica, na verdade tem pendores autoritários. São aquelas pessoas que acreditam que tudo deve ser organizado verticalmente, de uma grande empresa à própria família, que acreditam na educação dos filhos debaixo do pau e da carranca, que vêem crime e devassidão por todo o lado e não admitem a possibilidade do bicho humano viver senão debaixo da repressão e da “disciplina” autoritária!

Esta doença biopática tem nome e foi diagnosticada há uns bons oitenta anos pelo discípulo dissidente de Freud WILHELM REICH: chama-se PESTE EMOCIONAL e sua expressão política é o FASCISMO!

A liberdade importa necessariamente em consciência da realidade e responsabilidade pela própria vida.

O povo brasileiro, ao contrário do que propala a mídia sacana, se mata diariamente trabalhando de sol a sol e sua desgraça não advém do exercício da liberdade, mas do fato de ter toda sua vida organizada pela vontade de uns poucos, que usufruem dos privilégios mais inimagináveis, através de seu sacrifício, inclusive os políticos corruptos.

Não foi o exercício da liberdade (que para muitos “não tem nada de positivo, só serviu para a juventude consumir drogas e resultou em caos e corrupção”), o decidir segundo seus pendores e necessidades a própria vida, que nos colocou  na desgraça vigente, pois ele praticamente não existe numa sociedade como a nossa.

A corrupção não é resultado do regime democrático, mas pelo contrário, de uma ordem organizada verticalmente, onde a maioria dos políticos ocupam seus cargos não apenas no proveito próprio, mas na defesa dos interesses do grande capital nacional e internacional, que deles precisa para legalizar e aprofundar o massacre exploratório a que a maioria vive exposta.

As drogas são produzidas e jogadas no meio da sociedade por estes mesmos detentores do poder econômico, seu negócio é o mais rentoso no mundo depois da venda de armas e colabora para a inconsciência e prisão mental que mantém o moderno escravismo.

A solução, portanto, está em assumirmos o nosso próprio destino, em corrermos toda esta politicada e, ao invés de sair correndo atrás de um pai iluminado e todo poderoso, nos auto-organizarmos em cada unidade de trabalho, em cada bairro e cidade, Estado e na nação.

É preciso que o povo trabalhador se faça o protagonista de sua própria vida. Se este processo for deflagrado, se assumirmos esta responsabilidade, as lideranças naturalmente surgirão, e se estivermos atentos, poderemos podá-los na primeira manifestação de autoritarismo ou corrupção.

Não se combate o desvio da democracia com ditaduras, mas com o aprofundamento radical da democracia, concreta e efetiva, alicerçada no debate deliberação e comprometimento livre e determinado do conjunto dos indivíduos, do grande rebanho de trabalhadores moídos diariamente no escravismo assalariado, muito além do formalismo do Estado representativo falido que nos foi legado justamente pela cultura e hábitos de procedimento (principalmente os privilégios aristocráticos insanos de parlamentares, políticos e altos agentes públicos em geral) que nos foram legados pelos anos infelizes de regime militar!

Ubirajara Passos

 

Temer escancara a ditadura e pretende botar exército nas ruas contra a greve (mais do que justa) dos caminhoneiros. SÓ RESTA DEFLAGRAR A GREVE GERAL E DERRUBAR O GOVERNO USURPADOR!


Para que não haja dúvidas, reproduzo abaixo na íntegra a matéria veiculada no portal do Correio Braziliense no final desta manhã:

Temer usará Forças Armadas para conter greve dos caminhoneiros

Publicado em Economia

O presidente Michel Temer está finalizando uma reunião no Palácio do Planalto para anunciar o uso das Forças Armadas para conter a greve dos caminhoneiros. O presidente fará o anúncio em pronunciamento ainda na manhã desta sexta-feira (25/05).

O texto do pronunciamento está sendo fechado entre o presidente e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Raul Jungmann (Segurança), Sérgio Etchgoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Joaquim Silva e Luna (Defesa).

Temer entende que o governofez um acordo com os caminhoneiros, mas a insistência deles em fechar estradas o levou a tomar medidas mais enérgicas. Postos de combustíveis estão desabastecidos e voos sendo cancelados em vários aeroportos, sobretudo em Brasília.

Para Temer, a situação saiu do controle. O governo precisa mostrar à sociedade que há um poder constituído e que não tolera abusos. Na noite de quinta-feira (24/05), o Palácio do Planalto fechou acordo com os caminhoneiros para que a greve fosse suspensa imediatamente. Mas os protestos continuam, causando enormes transtornos à população. O acordo foi fechado por 15 dias, com redução de 10% no preço do diesel.

Na avaliação do Planalto, pegou muito mal a avaliação pública de que o governo está refém e acuado ante os protestos dos caminhoneiros. Temer quer mostrar, com o uso das Forças Armadas, que o governo mantém total controle da situação, apesar do caos instalado no país.

Temer também precisa dar uma resposta politica a aliados, que cobram um governo mais firme ante os abusos. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, decretou estado de emergência na cidade. Serviços públicos essenciais estão sendo suspensos por total incapacidade da prefeitura de prestá-los. Há desabastecimento de combustíveis na cidade, que quase parou nesta sexta-feira.


Ou seja, o governo produto de um golpe parlamentar que assumiu o programa econômico e social mais nefasto e absurdo de toda a História do Brasil e teve o desplante de elevar o preço da gasolina, do diesel, do gás de cozinha, entre outros tantos, a níveis indenfensáveis mesmo no mais selvagem dos capitalismos vigentes no mundo (ao mesmo tempo em que manipula os índices oficiais de inflação, a moda da ditadura militar nos idos tempos de Médici e Delfim Neto, até para que a peonada não receba qualquer reajuste salarial); que conseguiu revogar na prática os últimos direitos trabalhistas, e pretendia extinguir-nos a aposentadoria; que foi com tanta sede ao pote na atitude predatória ao ponto de elevar os preços  dos combustíveis ao nível do insuportável e, provocando a ira de seus antigos aliados (os caminhoneiros), conseguiu jogar o Brasil no caos da paralisfação de transportes, do desabastecimento generalizado (que já atinge até os hospitais), inviabilizando, no âmago e sem recurso, a VIDA DE TODOS OS BRASILEIROS, pretende agora jogar o país na GUERRA CIVIL e impor pela força ditatorial os seus pendores, em nome de  uma autoridade que ninguém lhe deu, chefe que é de uma quadrilha política que usurpou o poder em prol dos próprios interesses mesquinhos e do grande capital internacional.

NÃO HÁ MAIS SAÍDA! OU TODA A POPULAÇÃO AFETADA, A GRANDE MASSA DE TRABALHADORES QUE SE ESFALFA DIARIAMENTE TRABALHANDO EM TROCA DE MIGALHAS PARA ENCHER OS BOLSOS E PROPICIAR A SACANAGEM CHIQUE DA BURGUESIA INTERNACIONAL, SEUS LACAIOS BRASILEIROS E RESPECTIVOS REPRESENTANTES POLÍTICOS CORRUPTOS, SE REBELA DE VEZ CONTRA ESTE ABSURDO E DEFLAGRA A GREVE GERAL PELA DERRUBADA DO GOVERNO USURPADOR DE TEMER E A REVOGAÇÃO DE TODOS OS ATOS DE LESA-PÁTRIA POR ELE COMETIDOS DESDE O GOLPE DE 2016 OU SÓ NOS RESTARÁ PADECER, MUDOS E CABISBAIXOS, SOB O TACÃO FEROZ E CRETINO DE UMA DITADURA ESCANCARADA!

GREVE GERAL JÁ! FORA TEMER JÁ! PELA CONSTITUIÇÃO DE UM GOVERNO POPULAR, SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIO A PARTIR DA ORGANIZAÇÃO DA PEONADA TRABALHADORA EM CADA CIDADE, ESTADO E REGIÃO!

Ubirajara Passos

 

Toby e os prisioneiros


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Esta foto emblemática foi feitas às cegas (o reflexo do sol sobre a tela da câmera digital precária não permitia visualizar nada), às 15 h 33 min de um velho domingo, em 6 de fevereiro de 2011, na subida à direita após a esquina da rua Ibirapuitã com a Av. Dorival de Oliveira em Gravataí, quando retornávamos (eu e seu protagonista) da casa que herdei de meu pai (morto em novembro de 2010), e que venderia em fevereiro de 2013.

Filho do Dodó (o cachorro mais antigo da família, que aparece junto ao Bernardinho em retrato na matéria Bernardinho (o contestador galã de quatro patas) e eu”, identificado na legenda como “Totó”, doado quando nos mudávamos da casa da Rua Barbosa Filho, no outro lado da quadra onde foi tirada a foto, para a Rua Maringá, na Vila Natal), este ilustre exemplar da malandragem quadrúpede excedeu em muito à irreverência do parceiro canino de seu pai, bem como à rebeldia indômita deste, que (tendo sido sequestrado e mantido preso por uns vizinhos da pá virada, quando morávamos na Rua Jorge Amado, em frente à Ferragem Gaúcha, na Vila Santa Cruz, só foi libertado após nos mudarmos, em fevereiro de 2009) não se deixava prender por cercado nem cancela de qualquer altura ou espécie, além de possuir a mania de trazer suas eventuais namoradas cadelas para  casa, umas delas a Rosquinha, de cuja ninhada nasceu a Branquinha, mãe falecida do nosso cachorro mais velho, atualmente, o Maique.

Me seguia por todo lado, como o faziam os outros dois, e se divertia tremendamente quando cruzávamos, todo dia, a esquina das ruas Nestor de Moura Jardim e Alfredo Emílio Allen, já próximos do Foro, e era “saudado” aos latidos  mais histéricos por uma trupe de uns seis cachorrinhos alvoroçados com a sua presença.

De bela e chamativa estampa, e “charme” irresistível, o rabo a balançar constantemente, numa vivacidade incrível, chegou ao ponto de um dia entrar comigo em plena Padaria (a Miolo do Pão, na Rua Otávio Schemes, próximo da Avenida Dorival de Oliveira), e, ao invés de ser corrido como se esperaria, foi abraçado, acarinhado e apreciado por praticamente todas as gatinhas que atendiam no balcão, entusiasmadas com o “alegre, fofo e lindo cãozinho!”  Pena que nenhuma delas lembrou-se de solicitar ao seu acompanhante humano o número do celular do bicho…

Mas, voltando-se ao assunto desta crônica, a foto que a encabeça, nela O nosso cachorro travesso da época, o Toby, parece gozar esplendidamente seus parceiros de espécie, abichornados atrás das grades do portão! “ (publicação minha no Facebook em 10 de agosto de 2017).

E, literalmente, ilustra, de forma perfeita e acabada, o paradoxo em  que se encontra a humanidade inteira nos seus últimos seis mil anos de existência sobre a face do Planeta Terra.

Encarcerada na pior das prisões, aquela que conta com a participação voluntária e inamovível do próprio prisioneiro, a enorme maioria da espécie se aferra ao sofrimento e desprazer de suas vidas limitadas e oprimidas, como se fossem a própria essência da vida, mirando, de olhos murchos, desconfiados (muito raramente invejosos), e mesmo enraivecidos, os que conseguem escapar à prisão da redução à coisa em nome do prazer alheio abastardado, e usufruir da força vital de expansão e busca do prazer e conforto biológico e mental genuíno de que nos dotou a própria natureza.

E, mesmo se instados, com toda a argumentação racional possível, a romper as grades da cadeia e passar para o lado de cá (o da liberdade, da alegria e busca do movimento, do bem estar digno e vital), as forças internas que os mantém no cárcere são tão intensas que a única reação possível, diante do choque da vitalidade simples e autônoma (exposto como chicoteada à sua face abobalhada), destes corpos vivos transformados em verdadeiros autômatos (ferramentas de carne e osso, apegadas ao trabalho compulsório e às regras limitadoras, sufocantes e geradoras de sofrimento) é a rejeição e, pior ainda, a fiscalização, delação, perseguição e condenação daqueles que tiveram a capacidade e a coragem de romper a biopatia generalizada que envolve nosso mundo desde que meia dúzia de arrogantes metidos a valente impuseram-se, pela força de suas imprecações perante a grande massa, como pretensos amos e senhores da sociedade, organizando , empesteando  e deformando a vida de todos os demais em prol de seus apetites!

Não há tratado, palestra, documentário ou descrição de qualquer natureza capaz de descrever, com a minúcia implícita e viva da fotografia, os matizes da peste emocional, a ossificação dos corpos e emoções que nos habitam desde que o velho patriarcalismo (o domínio do senhor macho “pai” de todos, com poder de vida e morte,  sobre todos os aspectos da vida de seus “familiares”, escravos de mesa e cama, do campo, comprados, capturados ou gerados de seu próprio corpo) nos impôs a disciplina inquestionável e obrigatória, regrando nosso comportamento, e nossos próprios pensamentos e emoções, segundo suas necessidades e perversos apetites.

Aí nasceram todos os tabus e proibições, muitos deles transformados em leis divinas, portanto irrefutáveis e imperativas, pela própria ideologia dominante do Ocidente (o cristianismo), a qualificar e punir como crime imperdoáveis o simples exercício da liberdade, a busca do gozo, do prazer e do bem estar de corpos e mentes na satisfação das mais comezinhas necessidades biológicas e mentais próprias da condição de ser vivo, como o paladar, o sexo, o descanso e o repouso necessários, a liberdade de pensamento e atitude individual etc., enquadrados nos 7 pecados capitais.

E desta teia de imposições, proibições e punições se construíram todas as sociedades posteriores, em que as classes dominantes vem exercendo o velho papel do patriarca, em prol de seus privilégios (que são a versão sádica e impositiva dos “prazeres perversos” proibidos aos peões relegados à vida de sofrimento), contando para tanto com a colaboração da maioria infectada de sua ideologia, que se alimenta da própria raiva em que se transforma a força vital básica ao tentar se expressar num organismo coberto por camadas de rígida couraça imobilizante.

Os cães visivelmente contrafeitos que estão atrás da grade observando o Toby, com ar estupefato, frustrado, até mesmo curioso por achar o caminho da fuga, ou ameaçador, poderiam unir-se e derrubá-la, mas as correntes que os mantêm acomodados são tão fortes, tão bem enterradas no profundo de seus seres, que continuam prisioneiros e se lhes fosse dada a oportunidade da fuga, pela abertura do portão que os retém, permaneceriam no seu interior, ou, em saindo, ao invés de gozar da liberdade, simplesmente saltariam sobre o cachorrinho livre e alegre e o trucidariam a mordidas e patadas, por não suportar a visão da liberdade!

Ubirajara Passos

Julgamento do habeas corpus de Lula assanha a direita e escancara o caráter ditatorial do regime vigente


As declarações do comandante do Exército, General Eduardo Villas Boas, publicadas mo twiter ás vésperas do julgamento do habeas corpus de Lula no Supremo Tribunal Federal, por mais que o Ministro da Defesa tente amenizá-las e (em flagrante contradição com o seu teor) negar a sua natureza intervencionista, não deixam dúvidas.

A afirmação (“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”), ao partir do comandante supremo de uma das três forças armadas, responsável pela integridade do território nacional e manutenção da ordem constitucional, pelo uso da força (cujo monopólio estatal é a garantia do poder político), é bastante grave. E passa muito longe do simples exercício da opinião por qualquer cidadão comum brasileiro, ainda mais quando repercute com apoios explícitos de generais da ativa (o general Paulo Chagas comentou explicitamente: “Caro Comandante, Amigo e líder receba a minha respeitosa e emocionada continência. Tenho a espada ao lado, a sela equipada, o cavalo trabalhado e aguardo suas ordens!!”).

Fica bem claro no conteúdo da mensagem a intenção de “vigilância” do Exército sobre o resultado do julgamento, que, se favorável a Lula, estaria consagrando a “impunidade” na “opinião” do general, bem como a velha e absurda presunção dos militares brasileiros em julgaram-se árbitros da ordem constitucional, acima de tudo e de todos, com poderes para alterar à força os rumos políticos do país, como se o artigo primeiro da Constituição da República possuísse um parágrafo único, secreto (como os decretos de falcatrua e arbítrio da pretérita ditadura admirada pelo Jairzinho Capitão do Mato e seus miquinhos amestrados dos MBLs da vida), que excetuasse a soberania popular, fonte originária e suprema do Estado, na ordem legal formal, em prol dos “pais maiores tutelares da nação, de uniforme camuflado e espada na cintura”, consagrando um poder que ninguém nem nada lhes atribuiu.

A conclusão lógica direta é que parece haver sim a intenção (nada velada) de intimidar a Suprema Corte de Justiça para garantir a prisão e o afastamento do jogo eleitoral justamente do candidato a Presidente da República mais cotado pelas pesquisas!

Não nutro a menor simpatia pelo Inácio, já publiquei neste blog as maiores críticas ao seu governo e à Dilma,  desde 2006, mas a verdade pura e simples é que cada dia fica mais claro que o golpe paraguaio que a depôs, num impeachment falcatrua, não foi nenhuma brincadeirinha e que a quadrilha de usurpadores (que governa contra a vontade da grande maioria, tal é a rejeição popular do Michelzinho, e sem prestar contas a  ninguém, sequer se preocupando em disfarçar sua natureza explicitamente corrupta) NÃO PERMITIRÁ QUE LULA, NEM QUALQUER CANDIDATO CONTRÁRIO ÀS REFORMAS ESCRAVISTAS PARA CUJA CONSECUÇÃO FOI DADO O GOLPE (com a revogação da CLT, já feita, e a extinção prática da aposentadoria pretendida) SE ELEJAM E DESFAÇAM A SACANAGEM SOCIAL PERPETRADA PELA ATUAL DITADURA, SERVIL AOS INTERESSES ESCRAVISTAS CADA VEZ MAIS ÁVIDOS DO GRANDE CAPITAL INTERNACIONAL!

Se ainda vivemos num ambiente de relativa liberdade de expressão e militância (apesar das execuções cada vez mais explícitas, como no recente caso da vereadora carioca do PSOL, Marielli Franco), no momento em que se tornar inviável a manutenção do programa ditatorial neo-liberal de Michelzinho e seus comparsas sem o uso explícito da força e o fechamento concreto do regime político, ninguém tenha dúvidas, agora, de que a “intervenção militar” (leia-se o GOLPE) não se limitará à ação acanhada (mas mesmo assim, violenta e abstrusa) nas favelas cariocas, em nome da crise da segurança pública.  E os tanques estarão na rua, secundados pelos fanáticos da nova extrema direita, prontos para esmagar a ação e a própria opinião de quem quer que tenha o desplante de exigir um mínimo de dignidade para  a sofrida massa de trabalhadores brasileiros, definitivamente alijada de quaisquer direitos legais com a verdadeira revogação da lei áurea praticada na reforma escravista das leis trabalhistas no ano passado.

Neste cenário, as eleições de outubro, ainda que se realizem, são mera formalidade, cujo resultado ninguém poderá garantir venha ser respeitado, caso contrarie a minoria apaniguada do país, ou os próprios interesses financeiras da quadrilha governante, depois do golpe parlamentar de 2016, cujo caráter ditatorial torna-se cada vez mais explícito.

O impasse é tal que somente a Revolução popular e libertária, forjada na vontade e na consciência dos que sustentam, com enorme sacrifício e nenhuma recompensa, os privilégios da  classe dominante e seus lacaios políticos, poderá nos conduzir a outro caminho que não o da perpetuação, mediante o arbítrio mais ominoso, deste sacrifício por outras tantas décadas quanto aquelas decorridas desde o golpe de 1964.

Ubirajara Passos