Soneto empolado, xaroposo e filosofante que pari debaixo do chuveiro há uma meia hora, que vai publicado para qualificar o prazer masoquista da melancolia de algum leitor insone e entediado:
Erosão
Tempo, tu és um salteador rebelde.
Não te limitas às raras alegrias
E aos prazeres e entusiasmos fugidios.
Nos arrebatas épocas inteiras
De ingênua e inciente plenitude
E, num ir e vir variável, mas contínuo,
Corróis grandes tristezas e euforias.
Tu dissolves
Nossos picos e vales,
Florestas e desertos.
Aplainas rochas,
Incendeias astros,
E nos transmutas num inerme prado
De imutável e marmórea eternidade.
Gravataí, 17 de maio de 2011
Ubirajara Passos