O poema que segue foi parido na noite de sábado passado, sob a maior lua da década, na mesa da garagem de casa, enquanto o cretino imperialismo yankee despejava uma chuva de mísseis sobre o povo líbio e fazia gracinhas no Brasil:
Confissão ao Luar
Plenilúnio prateado,
Que me chamas,
Na noite branca,
A sonhar e a viver,
Não exageres na tua claridade,
Que a noite é fria,
E o teu olhar marmóreo
Me arrepia até o menor pelo.
Contraditório és,
Tua brilhante luz,
Que se pretende sol,
Não nos aquece,
Antes conduz-nos ao negror profundo
Do sono em que mergulha-nos o ser.
Tu nos embalas, nos teus lençóis brancos,
Doce como um velho vinho,
Na embriaguez noturna,
Mas excita-nos,
A rubra cólera da revolução,
Qual transparente vodka.
Gravataí, 19 de março de 2011
Ubirajara Passos